sexta-feira, 23 de maio de 2008

Relembra o futuro encarando o passado.


"Quando sentirem que o mundo parou, avancem sozinhos"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bucólica manhã

Bucólica manhã apaixonada
Resplandecente tristeza movimentada
Tempestade recuando atrasada.
Nuvens escuras e carregadas desaparecem,
Ao som da tua flauta emocionada!

Que momentos! Que paixão!
Ousas deter-me por aversão?
Ou quererás amar-me por compreensão?
Dúvidas que se dissipam rapidamente,
Ao som da tua flauta, pois então.

Ardor que caminhava subitamente,
Que crescia apressadamente,
Deixando-me todo dormente.
Abraços e beijos inalcançáveis,
Ao som da tua flauta, urgentemente!

Perplexo, sem chão por onde caminhar,
Nem um único passo conseguia dar!
Só precisava de acreditar,
Que estavas ao meu lado,
Ao som da tua flauta a suspirar!

Tudo ganhou sentido,
Sem grande alarido,
Voltei a aceitar o teu pedido!
Ultrapassei a minha depressão,

Ao som da tua flauta, endoidecido!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Acordarei?

Lá estava eu, o meu ser, o meu espírito dúbio esperando desesperadamente por uma conclusão que determinasse o porquê da minha existência. Lá estava eu no meu canto. Mudo, surdo, exausto, mas com a noção que recuperava rapidamente as minhas forças. Lutava dentro de mim com pontapés que se tornavam murros e murros que se tornavam simples contactos. Estava duro, imóvel, expelia sangue em todos os meus poros, mas não sentia a hemorragia nem conseguia estancá-la. Chorava compulsivamente, libertava paulatinamente tudo o que durante séculos me tinha atormentando. No entanto, pedia um novo corpo (desesperava), caía de joelhos uma vez, duas vezes, outra e outra...
Consegui finalmente fugir, sair daquele corpo agrilhoado a preconceitos e dogmas que me impediam, noite após noite, de viver em liberdade comigo mesmo. Percorri o mundo, mas voltei àquele quarto, tudo era tão simples, puro e bucólico. Seria mesmo preciso perder-me em horizontes inalcançáveis?
O corpo ainda continuava estendido, lívido e extenuado. Depois de ponderar, de percorrer o quarto no meio de uma intempérie criada pela falta de nuvens e pelo vento que não soprava, resolvi permanecer. Não poderia desejar a minha morte tão cedo. A missão que o destino me tinha reservado tinha de ser cumprida. Não poderia de forma alguma, chegar ao purgatório desmembrado e mutilado. Não fazia parte da minha condição de ser humano.
Aproximei-me de novo daquele corpo. Corpo sem alma nem espírito, não passa de um cadáver sem uma única memória que possa partilhar. É uma folha de papel que nunca chegou a ser folha, porque nunca foi escrita.
- Acorda
Um pressentimento, um presságio que se torna inútil mas ao mesmo tempo necessário. Acordarei. Que fazem falta aqueles que dormem acordados? Acordarei de um sono profundo sem um único sonho, sem uma única palavra. Vazio completo.
- Acorda
Agora tornava-se mais alto, mais majestoso. Acordarei quando o Mundo simultaneamente decidir acordar.

domingo, 11 de maio de 2008

Trabalho infantil? Não, obrigado.





Some things cost more than you realise.

Civilização

Uma mescla de indultos, papalvos e indigentes evoluem permanentemente para ocupar o patamar mais elevado da sociedade. Resta a nossa dignidade, a nossa confiança para lidar com o desrespeito ético e moral que é levado com a inconsideração e leviandade pelo comum dos cidadãos. Faltam martelos e estacas, faltam culatras e caçadeiras, faltam lutas e manifestações com o intuito de evitar a catacumba da nossa civilização.
É necessário abordar o Homem numa perspectiva diferente. A unidimensionalidade em que os cidadãos mergulharam chegou a um dos pontos mais críticos. O combate ainda está na mão do ser humano. No entanto, combatemos numa frente que não controlamos, mas que ajudámos a criar: a Natureza. Para além disto, confrontamo-nos com uma crise valorativa que não tem capacidade para detectar o problema. Será assim tão complicado?
Tenho reparado ao longo dos meus “pensamentos civilizacionais” que nós não funcionamos como seres humanos, mas como máquinas inseridas e controladas num impetuoso e magnificente sistema burocrático. Impedindo-nos de agir de acordo com os nossos princípios. Se os nossos princípios colocarem em causa de qualquer forma toda este sistema, somos fortemente castigados. Não nos abordam como gente.
Deixam-nos fatigados através do trabalho. Trabalho esse com o objectivo de enriquecer o Estado e a Civilização. Deixam-nos apavorados pela quantidade de notícias horrendas que passam diariamente nos “mass media”. Ocultam-nos a verdade através de campanhas mentirosas e exclusivamente propagandistas.
Amedrontar as pessoas, criando inimigos inexistentes, é uma boa forma de controlar a população. O medo é inimigo da acção. O objectivo subjacente a estas iniciativas é de criar um espírito de união em torno do Estado. O único capaz de salvar a nação.
Mas então que Estado é que queremos? Um Estado que propagande o sentimento do medo? Um Estado que falte à verdade?
É urgente abrir os olhos para a civilização Técnica Ocidental. É urgente colocar um ponto final neste constante retrocesso. É urgente expandir verdadeiramente a cultura e o saber. É urgente tomar posição, é urgente agir.
Se não foste educado desta forma, educa-te.