domingo, 23 de março de 2008

sábado, 22 de março de 2008

Lost in translation.




Mudo, transparente e invisivel. Indiscritivelmente belo. Cheio de sentido com bastante imaginação. Obrigado Sofia Coppola. Melhor argumento era complicado.

Entro no quarto.

Entro no quarto, o meu cheiro. Dispo-me e fico de tronco nu. Apesar do frio, não penso nas consequências. Gosto de olhar para o meu corpo, por mais insignificante, magro e inútil que seja. Ligo a aparelhagem, muito baixinho, porque está tudo envolto em duros pesadelos e não querem que tudo se destrua ao menor som. Os sonhos são o que de mais estranho existe nas nossas vidas. O tempo passa lentamente. Nunca o vi passar tão devagar. Olhei para fora e agarrei a primeira estrela que encontrei. Ainda resistiu levemente, mas por fim soltou-se do céu e veio ter comigo de rompante. Estava ao meu lado, a luz era tão forte, o barulho era tão ensurdecedor que pensei que tudo iria acordar. Mas por mais incrível que pareça, nada mudou. Tudo permaneceu e o céu ficou mais vazio.
Voltei a entrar. Deitei-me tal e qual me encontrava. Desliguei a aparelhagem e adormeci de olhos abertos. Adormecemos sempre de olhos abertos, por mais que tentemos eles nunca se apagam, continuam sempre ligados à espera de uma razão demasiado forte para se desligarem de vez. Voltas e voltas na cama à procura da melhor posição que parece não querer chegar. Futilidade extrema que esta sociedade alcançou, mas regozijo-me por ser dos poucos que ainda pensa no verdadeiro sentido desta merda toda.

terça-feira, 18 de março de 2008

Acoustic !

Obriga-te

Obriga-te, abre a tua mão deixa-me entrar. Vou-te perseguir até tudo me doer, quando te encontrar ficarei feliz. Persegue-me também por favor, não me deixes sozinho. Poderei não ser capaz. Acreditamos um no outro, o que é que pode falhar? Sabes que por vezes uma simples palavra, por mais singela que seja, basta. Mas neste caso não precisas de dizer nada. Eu sinto, sinto como nunca senti. Uma dor fulminante no meu peito, um nervoso miudinho, fico logo sem apetite. Só me apetece deitar e ficar a imaginar o momento. Aquele momento, aquele, tu sabes. Quando finalmente estiver ao teu lado, a sentir a tua respiração, a ouvir as tuas doces palavras, preenchendo devagar aquilo que falta em mim. Tanto que nem imaginas.
Obriga-te, abre a porta e deixa-me entrar. Prometo que nunca hei-de forçar a fechadura, que nunca espreitarei, que o meu lugar é ao pé de ti. Corri tanto, demais. No fim a estrada parecia cambalear, sentei-me. Senti-me artificial, quente, dorido. Com vontade de beber um copo de água como se fosse a ultima coisa neste mundo. Por fim, levantei-me, nada conseguirá retirar-me do caminho que vagueio sem saber. Vá lá abre a tua porta, por favor.

Obriguei-me, vou esperar por ti até quando for tarde demais.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Música de ontem. Música de hoje. Música de amanhã.

Verti a primeira lágrima.

Verti a primeira lágrima. Não consegui suprimir a vontade de estar a teu lado. Música. Voz do Jamie a ecoar por todo o quarto. Acalmei-me, sentei-me na borda da cama, com medo que ela se recusasse a que eu me esticasse. Comecei a soltar os primeiros suspiros de perceber que estamos numa situação altamente improvável. Mas que gostamos os dois disto. Gostamos, admitamos que sim. Muito até, quiçá demais. No entanto tenho medo, medo que isto possa não dar certo, o que foi construído em mim, se desmorone de repente. Não quero, não quero, não posso desperdiçar isto, é demasiado valioso.
Gritei com o Jamie, “I feel fine!”. Pois, só podia estar contente e tinha de estar, era imperial. Confiança, confiança em mim e em ti é tudo o que peço. Não tenhas receio, inevitável será aquele momento. Deixa o coração prosseguir como ele bem entende. Não o reproves, não o censures, deixa soltar aquilo que ele quer que se solte. Adivinha que quanto mais penso nisto, mais tenho vontade de entender. Mas não quero entender, pela primeira vez, sim pela primeira vez, estou a ser guiado por algo superior a mim que não consigo controlar. Algo estranho, significado constante mas despercebido. Também não pretendo descobrir, é o que neste momento menos quero.
Voz, piano, violino, cada vez mais alto, cada vez mais fabuloso. Não sei como tudo no meu quarto permanece inactivo perante esta beleza musical. Se calhar estão estupefactos. Eu não, mexo-me como se não houvesse amanhã, aliás nem penso no amanhã. Porque amanhã não vai ser o dia. O dia. O dia! Chegará mais tarde, chegará quando tiver que chegar.
Por fim, lá me estiquei, afinal a cama não se recusou, cedeu ao mais simples movimento. Certamente, maravilhada com o que estava a ouvir e nem quis recusar. Não teve vontade. Sorri, finalmente. Estava tudo a correr como queria, sem recorrer a qualquer plano. Um plano não serve para nada, atrapalha os sentimentos.
E lá continuei a divagar. Com o pensamento fixado em ti, com a minha mão bem segura na tua, com a minha cabeça encostada à tua.

Cai o pano.

Cai o pano. Acende-se a luz que é a palavra, iluminando o pensamento. Não luz que ofusca, não precisamos dessa luz. Não deixar que as trevas se apoderem do mais belo, do mais precioso, que a luz brote incessantemente, que essa luz possa unir contrastes, que essa luz possa significar equilíbrio. Não deixar que os radicalismos se apoderem do mais sensato pensamento. Basta! Basta do que oprime, basta de tudo aquilo que engana, apenas uma palavra: Basta!
Quererás viver no mundo? No mundo que desde sempre se habituo a radicalismos? Ah! Deixar que a luz ilumine esses assassinos mentais.
Intransponível sensação de impotência que se apodera de mim. Estranho pensamento que coloca tudo em questão. Não deixarei que o mais fraco engano se torne maior que a própria virtude, que ela continue viva, buscando suspiros que gritem e luzes que iluminem.
Tentar que tudo não passe de um sonho, que acordar resolverá tudo. Mas isso não acontecerá, por mais que tentemos as palavras não chegaram e o medo ocupará o lugar da acção. Mas que medo é este? Que medo irracional se apodera das nossas mentes?

Cai o pano. Apaga-se a luz que é a palavra.