segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Novelo

São recordações que me comovem
Como fios torcidos d’um novelo que se descosem
São lágrimas que deslizam
Com lembranças desgarradas que avisam
Quão solta anda esta mente jovem

Inúteis e supérfluas não serão de certeza
Colocadas por ordem de tristeza
As histórias passadas e vividas
Que deixaram marcas e dívidas
Num corpo imbuído em firmeza

Depois a vida vai passando
Mas as feridas vão ficando
Como cortes de navalha
Numa turbulenta e fatal batalha

Quanta melancolia tem o meu sorriso?
Ao tratar o passado que friso?
O novelo entorna-se e rebola quieto
E fico sem resposta a olhar o tecto

sábado, 27 de setembro de 2008

Q.C.A.C

Quando chegar aos cinquenta
Vou ter uma televisão
Que deixe de mostrar corrupção

Quando chegar aos cinquenta
Não vou ficar à espera
Da minha morte lenta

Quando chegar aos cinquenta
Vou-me desmontar
Nem uma peça irá sobrar

Quando chegar aos cinquenta
A minha alma vai engrandecer
Dos livros que não vou ler
Da saúde que não vou ter
E dos beijos que não vou receber

Quando chegar aos cinquenta
Vou andar mais devagar
Para te ficar a observar
O meu corpo vai ficar
Impávido e sereno a murmurar

Quando chegar aos cinquenta
O meu coração vai arder
E quando deixar de bater
Vou deixar de te entreter
E ficarás sozinha a entristecer

sexta-feira, 26 de setembro de 2008



Inteligência sem loucura, é como cigarro sem tabaco.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Quem Fez De Nós?

Quem fez de nós?
Quem criou tudo?
Quem deu e nada recebeu?
Quem fez levantar e permaneceu sentado?
Quem abriu os nosso olhos?
Quem iluminou e pintou?
Quem escreveu tudo sem ter escrito?
Quem manipulou o universo?
Quem começou a remar?
Quem construiu a canoa?
Quem fez de nós?

O outro quieto e eu a olhar
O único que via e resolvi não contar
Podia ser ilusão e não quis acreditar
Da vida até a morte um longo caminho
Por isso vou sozinho
Se me faltarem os pés, vou de joelhos
O que interessa é ir para não voltar
Cair torto e nu como viemos ao mundo
A cantar alto para ninguém escutar
Aquilo que vi ainda há pouco.
Ponto final nisto.

Parágrafo para começar
E eu ainda sem acreditar
Que foste tu que nos fizeste
Pergunta: Gostaste do que trouxeste?
Ninguém responde, porque tudo mudo

E eu não me calo, porque escrevo, agora em prosa porque de versos estou farto. Limita-me o espaço e eu preciso de espaço infinito, não mudo de linha sigo sempre em frente, nem olho para trás senão perigo de tombar e depois quem me ajuda?
Sou o único que fala, mas não me importo. Valho por muitos. Como disse ALA “Todos nós somos muitos” e eu acreditei. Todos nós somos muitos. Todos nós somos poucos para retribuir a quem nos criou. Por enquanto fico por aqui, porque se me adianto demais acaba-se o espaço e eu preciso dele infinito e eterno.

terça-feira, 23 de setembro de 2008



Mais vale a felicidade eterna do que o prazer momentâneo.