sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fecho os olhos

Fecho os olhos. Dou por mim num mundo criado naquele preciso momento (quantos mundos são criados sem darmos por isso?), parecem luzes que se acendem e apagam num remoinho intenso. A única forma de ver o que a cegueira permite. E a cegueira permite ver tantas coisas. Há quem fique mudo e cego e continue a ver tanto como todos nós, a diferença senhores, é que quem escolhe ver, vê mas não observa e quem não vê, às tantas observa atentamente.
Um dia destes hei-de fechar os olhos durante o resto da minha vida, hei-de andar a tropeçar no meu próprio pé, convencido de que não é meu, é de alguém, alguém que passou e eu não quis ver. Quem era? Algum lunático que mais à frente lhe faltou o coração para uma etapa com tanta inclinação e deu-se consigo a desistir.
- Não posso mais
Experimenta fechar os olhos. Cria o teu mundo neste universo (são tantos) e quando subires a colina e chegares ao cume, verificarás que uma montanha bem mais alta se ergueu ao teu lado, à espera daquele que alvo de calúnias e perversidades toda a vida, consiga alcançar o seu cume.
- Duvido que assim seja
Mas assim é, assim foi e assim será.
Fechem lá os olhos, não parece que um pintor ocupou instantaneamente a nossa mente e desenhou, com as cores mais estapafúrdias, num fundo preto, o que o seu pincel permitiu?
- Duvido que assim seja
Não duvides por favor, crê antes de mais que o precário fim dos dias chegará quando tu decidires e não decidas já, isso seria cometer suicídio.
- Não posso mais

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