terça-feira, 1 de abril de 2008

Um dilema

Um dilema quase cru, nu à passagem da verdade mais bela. Sem movimento, sem busca nem procura. O simples dilema que permanece quando tudo muda à sua volta. Tornar o dilema humano para que não torne a cair na futilidade das coisas mais simples. Bom, o dilema quis, o dilema arrancou à força uma resposta. Uma resposta do mais complexo que existe não chegou. O dilema retrocedeu, abraçou outro caminho. O caminho da salvação. O sentido intrínseco do dilema vai-se perdendo ao longo do tempo, mas o problema que criou, esse não se altera. Depois há o vento, há o mar, há as rochas, há tudo aquilo que pode existir com dilemas, sem dilemas, é completamente indiferente. Por isto mesmo é que os dilemas são constantes, porque a indiferença não permite a resolução. Tomemos a indiferença como um acto usual, por conseguinte surge o dilema. Coloquemos o dilema como um factor que compreende todas as acções humanas e que aos dilemas se devem as opções. Por último inicia-se um processo de suposto livre arbítrio causado pelo dilema e pela indiferença. A indiferença aparece neste contexto como a impossibilidade de desfazer o dilema. A indiferença ligada à impossibilidade. Porque se a competência fosse a necessária, os dilemas deixariam de existir e o livre arbítrio perderia o seu sentido.
-Olá. – Cumprimentei.
-Olá. – Volveu com um olhar intenso, de um brilho incessante.
-Sentes-te sozinha? – Perguntei, procurando uma razão para tudo aquilo que imaginei no momento mais longo da minha existência.
-Sozinha no meio da multidão. – Respondeu secamente.
Senti-me quadrado naquele momento, senti que por momentos fazia parte da multidão.

3 comentários:

Raquel Costa disse...

O dilema assombra,por ser difícil e penoso, mas,em simultâneo obriga-nos a agir, democraticamente.
Se o "todo" em que vivemos não fosse feito de dilemas, seria absurdo a própria existência, que se tornaria supérflua.

a tua escrita evolui permanentemente, boa reflexão

Luisa Oliveira disse...

Evolui. O texto está bem escrito, a ideia está boa. Mas incomoda. Talvez por isso, até, seja tão bom.

filipa disse...

"Sou um bocado anti-social e infeliz, mas gosto de fazer transparecer o contrário."
Porquê?
"Deixem comentários desinteressantes e singelos."
Ca está.