quarta-feira, 2 de abril de 2008

Um verdadeiro espectro.

Um verdadeiro espectro, apenas um buraco negro envolto em densas trevas incandescentes e moribundas. Caminhava melancolicamente sugado constantemente pela força espontânea do olhar de quem não me queria ver. Perseguia o infinito e o impossível. Renascia das cinzas a qualquer momento, ocultava como queria quem queria, permanecia imóvel quando a mente descia e agarrava com todas as forças a decadência divina.
Um sonho esquecido que durou tempo demais e que acabou por se refugiar no inconsciente. Mas que coincidências são estas? Que força oculta domina desesperadamente a inteligência de um simples ser?
Então por fim, quando o meu esforço começou a ser insuficiente, refugiei-me em ti. Lá estava o teu corpo estendido, adormecido, perto das ondas que se limitam a trazer do fundo o pecaminoso. Caminhei em tua direcção, alheado de qualquer pensamento senão no poder que emanava do teu simples olhar.
Depois a beleza renasceu, a ternura, o carinho vingou por entre todos os espectros malignos. Quando se parte para nunca mais voltar, parte-se com a consciência de que os espectros foram vencidos. Parte-se com a esperança que nenhum deles possa dominar os restantes seres. Parte-se com a ideia de dever cumprido. Não importa o dever, não importa a forma como cumprimos. O que importa é que cumprimos. A legião que controlou em certos momentos o nosso destino, fraquejou.
-Qual o destino? Qual é o sinal de que tanto procuramos? – Questionei-a. Sabia que tinha a resposta para tudo.
-Não sei – Afirmou, sombria, longe de mim, longe da multidão por quem me tomava.
Somos uma verdadeira criança num labirinto sem fim.

1 comentário:

Luisa Oliveira disse...

"Quando se parte para nunca mais voltar, parte-se com a consciência de que os espectros foram vencidos."

Apesar de ser uma continuação daquele de que não gosto, com este sorri.

Não sei. Mas não quero voltar.